Por Chris
Campos
Sou eu
ou anda cada vez mais complexa a tarefa de tornar a rua uma extensão da nossa
casa? O natural, eu acho, seria que a rua fosse quase o nosso quintal. Casa bem
cuidada, cidade bem cuidada e tudo fica certo. Nos sentiríamos tão à vontade no
sofá da sala quanto no café da esquina. A realidade dos fatos, porém, anda um
pouco diferente. Se em casa temos conforto e controle da situação, nas ruas, ao
menos em São Paulo, nos sentimos como numa terra sem lei. Comecemos pela árdua
tarefa de assistir a um filme no cinema do bairro. Penteamos os cabelos,
colocamos uma roupa bacana e seguimos rumo a duas horas de suposta diversão.
Mas que acabam virando suplício quando enfrentamos pessoas que conversam em voz
alta, atendem celulares, enviam mensagens de texto, se manifestam como se
estivessem em uma arena romana – com a diferença básica de que não há leões
envolvidos na cena. No café da esquina, onde supostamente poderíamos abrir um
livro em nome de algumas horas de prazer, ficamos sobressaltados o tempo todo.
Seja com o barulho infernal da buzina dos impacientes ou com a possibilidade
real de sermos assaltados à luz do dia, antes mesmo da chegada da primeira
xícara fumegante de cappuccino chegar à mesa. Passear no parque pela manhã é
bom, mas se as chances de sermos atropelados no caminho por um motorista
apressadinho fosse menor, o programa renderia o prometido relaxamento. Na
feira, na quitanda ou no supermercado também poderíamos ser mais felizes se não
houvesse tanta gente indignada com preços e atendimento revoltantes. Eu poderia
fazer uma lista gigante, mas este post é curto. Me atenho, portanto, apenas a
alguns exemplos. O que podemos fazer para mudar isso? Dar o primeiro passo em
honra de um convívio mais civilizado entre vizinhos. Comecemos por nós mesmos.
Que tal tentar, por uma semana que seja, não conversar no cinema, dirigir menos
tresloucadamente, respeitar quem atravessa a rua à pé e não reclamar tanto.
Acho que a gente consegue, não?
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