sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Crise Mundial, entre a ficção e a realidade!


Durante o primeiro semestre de 2008 quase que a totalidade dos analistas econômico-financeiros defendiam com fervor a tese de que o mundo realmente era plano, que não existiam mais fronteiras e que o PIB mundial cresceria a taxas entre 4 e 5% ao ano, indefinidamente.
A grande pergunta que não foi respondida de forma clara, naquele momento, era de onde vinha toda essa geração de riquezas e qual era o segredo de tamanha prosperidade mundial, uns diziam que era o fator China outros afirmavam que o mundo teria encontrado a fórmula para crescer e se transformar como antes nunca visto.
Hoje sabemos que o mundo não era tão plano assim e que o consumo desenfreado, baseado na crença de que alguns teriam atingido o estágio da fartura plena estava com o fim mais próximo do que imaginávamos.
Como ator principal neste filme, que migrou rapidamente do gênero de aventura para terror e pânico, o sistema financeiro mundial, capitaneado pelos bancos de investimento (livres, leves e soltos ate então), eram as grandes vedetes da economia globalizada, na realidade viviam do ofício de fabricar dinheiro, irrigando de forma farta, porém irreal as economias dos países nos quais atuavam.
Os mecanismos eram os mais criativos possíveis, seja fomentando o mercado empresarial através de contratos de derivativos exóticos, seja vendendo cotas de fundos de investimento lastreados em financiamentos habitacionais americanos, onde o imóvel objeto da garantia tinha seu valor superestimando e do tomador do crédito era exigido apenas que estivesse vivo para assinar o contrato, não precisava ter idoneidade cadastral, muito menos emprego, podendo até ser um imigrante ilegal.
Nada realmente importava além de efetivar mais um contrato e manter a roda da fortuna girando.
Para quem assistiu no passado o seriado “Ilha da Fantasia”, onde tudo era lindo e maravilhoso e não existiam problemas que tivessem o poder de estragar a festa, sabe exatamente do que estou falando, na realidade, foi criado um mundo irreal onde muitos sonhavam em viver e não perderam a oportunidade de comprar o ingresso quando a oportunidade bateu a sua porta.
Hoje conhecendo um pouco mais dos bastidores desta grande lambança mundial, que tem mais odor de chiqueiro de porco do que perfume francês como foi vendido, posso afirmar que realmente não teria como dar certo.
Tamanha era a desordem, descontrole e ousadia, que o golpe do administrador de fundos americano, o Sr. Bernard Madoff, entrará para a história financeira mundial. Ele conseguiu captar de investidores a cifra nada desprezível de U$ 50 bilhões de dólares, e como num passe de mágica evaporou com todo esse dinheiro.
Ficamos sabendo que ele nunca havia prestado contas aos investidores, isso mesmo, os bilionários que investiam com ele tinham vergonha de pedir extratos ou qualquer outro tipo de prestação de contas.
Diligencias e auditorias, nem pensar, Sr. Madoff estava acima de qualquer suspeita, ex-presidente da bolsa de empresas de tecnologia- Nasdaq e com amigos investidores ilustes como Steven Spielberg, o famoso cineasta, era um luxo investir nos fundos administrados por ele.
Bastou alguém precisar de dinheiro e pedir um resgate um pouco mais expressivo para que toda a farsa fosse desvendada.
O que assusta é que as cotas desse fundo (sem fundos) foi comercializada em 17 países, por bancos como Santander, Fortis, UBS, Cajá Madrid e Banco Espírito Santo e foram ofertados para os seus clientes afortunados como sendo uma opção de investimento rentável…
Sendo tamanha a confusão na economia mundial, como fica o Brasil nesta história?
Como as minhas análises são de um simples mortal, pelo pouco que entendi, penso assim:
1) Por mais que digam contrário, o mundo não irá acabar, continuarão a existir pessoas, consumo, comércio, indústria e prestação de serviços, mesmo que em escala nacional, considerando uma situação extrema.
2) Depois de toda bebedeira vem a ressaca, segundo os grandes líderes mundiais, reunidos em Davos na Suíça nesta semana, a crise mundial deverá durar pelo menos três anos (não acreditem muito, são os mesmos que falaram que a festa não tinha hora para acabar e que tinha vinho a vontade para todos)
3) O Brasil também esteve presente na festa, bebeu do vinho santo e também sofrerá com a ressaca, como bebemos menos a dor de cabeça será menor, mas existirá.
4) Não acredite em salvação divina, faça a sua parte, o seu dever de casa, por maior que seja a boa vontade do governo o cobertor é curto e pode não alcançar a sua empresa.
5) Para os que sucumbirem ficará a experiência, aos que sobreviverem terão a chance de consolidar o seu negócio a partir de novas premissas e perspectivas, já ajustadas para um cenário de recomeço.
Como quisemos acreditar, na bolha da internet em 1999, que o mundo a partir de então seria virtual, o que não aconteceu, na crise atual acreditamos numa nova proposta, um novo mundo econômico plano e pleno, o que também não se confirmou.
Voltemos então para as nossas tribos com a promessa de recomeçar, de não mais acreditar nestes causos e fazer o que sempre fizemos bem, trabalhar para solidificar e modernizar as nossas empresas cada dia mais, sem fórmulas mágicas.

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