sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Permacultura

por Carla Moura

Ainda estranho para o ramo da construção civil, mas muito conhecido na área ambiental, o termo permacultura acaba sendo um “ponto de interrogação” para os envolvidos com o setor da construção.
            Por isso, começo apresentando um esboço para sua definição: idealizada por Bill Mollison na década de 70, a permacultura pode ser entendida como uma forma de habitar e viver de maneira sustentável e integrada com o meio natural, através do estímulo a sistemas agrícolas e construções que utilizam produtos e técnicas ambientais, tentando imitar (ao máximo possível) os padrões encontrados na natureza.
            Tendo como base, não somente as técnicas construtivas ou agroecológicas, mas sim a abertura para um “novo” estilo de vida que visa estimular cada ser a alcançar sua própria independência. Saber como produzir seu alimento e seu abrigo, como cuidar de sua terra para que ela se mantenha fértil e como viver de maneira integrada com o meio natural, deve ser entendido como um ponto chave em um mundo cada vez mais industrializado, onde grandes corporações dominam o mercado que fornece elementos para a satisfação das necessidades básica dos indivíduos.
            Para isso técnicas de produção de alimentos, recuperação do solo e construção sustentável são utilizadas, sendo que muitas delas podem ser bem aproveitadas em ambientes urbanos e na construção civil “tradicional”. Coisa de ambientalista? Aplicável apenas na zona rural? Rústico demais para o mercado? Não.
            A permacultura é composta por conceitos e práticas sustentáveis extremamente promissoras em nosso contexto atual: a transformação de paradigmas do mercado, que antes apenas se focavam nos aspectos econômicos e hoje passam a se preocupar com a inclusão de boas práticas socioambientais em suas atividades. Nichos de mercado se abrem para questões ecológicas, o mundo muda seus conceitos e o setor da construção deve aproveitar o momento para investir em práticas e técnicas que concretizam ações ecologicamente saudáveis.
            É verdade que o setor não aceitará todas as práticas da permacultura. Porém, não é inteligente que esta seja ignorada quando possui um grande potencial para fornecer meios de agir com responsabilidade ambiental e, desta forma, conquistar mais clientes e investimentos através de um produto diferenciado.
            Por que não investir em horta urbanas dentro de empreendimentos comercias ou habitacionais? Imaginem uma horta orgânica em seu condomínio, onde os produtos poderiam ser vendidos em um espaço interno administrado pelos funcionários do mesmo...
            Por que não investir em um tratamento primário dos resíduos efluentes, ao invés de lançá-los in natura nos corpos d’água? Isso diminuiria a sobrecarga nos serviços de tratamento de esgoto público (já tão ineficientes) e consequentemente a grande e inaceitável poluição em nossos rios...
Por que não contemplar as áreas verdes, com espécies nativas, nos projetos de construção? É sabido que elas são responsáveis pela manutenção de um micro clima agradável que evita as ilhas de calor...
Por que não inovar? Por que não cuidar do ambiente e gerar ainda mais lucros de forma duradoura e responsável? 

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