terça-feira, 24 de julho de 2012

Construtoras viraram montadoras de imóveis



Para sobreviver no mercado imobiliário de baixa renda e driblar a falta de mão de obra, as construtoras brasileiras tiveram de revolucionar sua estratégia: estão mais próximas do setor automotivo do que da construção civil tradicional. Em alguns canteiros de obra, os pedreiros deram lugar a montadores de apartamentos, capazes de erguer uma unidade em menos de 24 horas.
Condomínios que levavam 18 meses para serem entregues, agora, ficam prontos em menos de dez. Em vez de pá e argamassa, esses operários carregam placas de alumínio, que são encaixadas e preenchidas com concreto. Ou montam lajes e paredes pré fabricadas como se fossem peças de lego. Já existe até banheiro pronto: com revestimento, chuveiro, pia, espelho o ambiente chega completo, com a ajuda de um guindaste, dentro do imóvel. Os canteiros também estão mecanizados. Até outubro deste ano foram vendidos 17 mil equipamentos para a construção civil. No ano passado inteiro foram 13 mil.
As tecnologias são diversas, mas todas têm objetivos comuns: padronizar para ganhar escala e reduzir custos. As novas técnicas começaram a ser estudadas em 2007, quando as grandes empresas do setor reforçaram o caixa com a abertura de capital. Elas já previam que não seria fácil acompanhar o ritmo da construção civil no Brasil com as mesmas práticas. Veio a crise no ano seguinte e os projetos ficaram engavetados. Agora, em 2010, eles deixaram o “plano piloto” para serem empregados de fato nos canteiros de obra.
“É produção em série mesmo”, diz Eduardo Diniz, diretor de engenharia da Rossi construtora que optou pelo método de pré-moldados. A companhia investiu este ano R$ 20 milhões em fábricas de lajes e paredes. “Basta ter um galpão, formas horizontais e transporte”, explica Diniz. Com um quarto da mão de obra necessária, é possível colocar de pé um condomínio voltado para a população de baixa renda. No sistema convencional, com blocos de concreto, um prédio de cinco andares fica pronto em 95 dias. Com pré-moldados, o tempo cai para 31.
A Brookfield, que mantém 20% de seus empreendimentos dentro do programa federal Minha Casa Minha Vida, também escolheu a estrutura pré-fabricada para “viabilizar” suas obras. O processo ainda depende de certificação da Caixa Econômica Federal para ganhar espaço nos canteiros da empresa voltados para baixa renda.
Três das mais tradicionais construtoras com foco no segmento econômico seguiram um outro caminho, o das fôrmas de plástico ou alumínio técnica popular em países como a Colômbia e o México. Esse sistema funciona como uma forma de bolo: as placas são encaixadas e o espaço entre elas é preenchido com concreto. É só esperar secar e desenformar. A Rodobens faz 16 mil casas por ano com esse sistema: a cada três dias, seis unidades são “concretadas” e ficam à espera apenas de acabamento e dos telhados. A aposta no novo método é tanta que a empresa passou a produzir suas próprias fôrmas, numa fábrica em São José do Rio Preto.
Há um ano, a Direcional, de Minas Gerais, investiu R$ 9 milhões na compra de fôrmas que podem ser usadas até 2 mil vezes. 

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