quinta-feira, 5 de julho de 2012

TELHADOS SUSTENTÁVEIS


Com jardim, pedriscos ou pintura clara, as coberturas oferecem conforto térmico à sua casa e dão uma ajuda extra contra problemas típicos das grandes cidades, como enchentes e ilhas de calor


*Revistas Casa Claudia e Arquitetura e Construção 


1. TELHADO VERDE 
Ele cobre a prefeitura de Chicago, uma passarela de pedestres em São Paulo, 40 mil m² da fábrica da Ford no Michigan e, mais recentemente, 50 mil m² do telhado da California Academy of Sciences, do italiano Renzo Piano. Merecedor da fama de sustentável (leia ao lado), o telhado verde é uma ótima opção para projetos residenciais. "Esse recurso repõe o verde perdido com as construções", afirma o paisagista Benedito Abbud, de São Paulo. Considere o peso extra, que varia entre 50 e 120 kg/m². "Em novos telhados, o projeto estrutural deve incluir o paisagismo", diz a arquiteta paulista Cristina Araújo. 

Para coberturas existentes há soluções como o sistema modular da empresa gaúcha Ecotelhado, que pode ser instalado sobre telhas ou laje, desde que a estrutura suporte a nova carga. De modo geral, a execução pede impermeabilização, manta geotêxtil, instalações hidráulicas, terra e plantas que sejam adequadas ao clima local, não cresçam muito e requeiram pouca rega.





LAZER ECOLÓGICO 
Nesta casa no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, terraços ajardinados sobre as duas lajes de concreto substituem o telhado convencional. "Além de integrada à paisagem, a cobertura traz conforto térmico e é uma opção de lazer para a família", diz a arquiteta Patricia Fendt, que contratou a empresa de paisagismo Vale Feliz para a execução do telhado verde. A cobertura superior, local favorito para as brincadeiras do filho dos proprietários, tem 224 m². Já o terraço sobre a garagem (com spa e sala de ginástica) acrescenta mais 157 m² de vegetação. Assim, a área verde que seria roubada com a nova construção manteve-se viva no terreno.
Espécies para cultivar no topo: grama-amendoim, cacto-margarida, azulzinha, tapete-inglês, grama-esmeralda, orelha-de-rato. 
Fonte: Ecotelhado 

HORIZONTE LIMPO: 
Isoladamente, o jardim na cobertura traz benefícios diretos para os moradores. Em maior escala (adotado num bairro inteiro, por exemplo), rende efeitos positivos à cidade. Conheça suas principais vantagens: 

- Contribui para o isolamento acústico da construção. 
- Oferece conforto térmico (mantém a casa fresca no verão e agradável no inverno), gerando economia de energia. 
- Combate o efeito estufa e as ilhas de calor, pois a vegetação sequestra gás carbônico e ajuda a reduzir as temperaturas. 
- Absorve a água das chuvas e atrasa seu escoamento para a rede pública, evitando as enchentes. 
- Diminui a poluição, pois as plantas retêm parte da poeira suspensa na atmosfera. 

QUANTO CUSTA 
O valor (a partir de R$ 95 o m², na Ecotelhado) depende da espessura, dos materiais utilizados e do paisagismo. Se previsto no projeto, o telhado verde pode custar o mesmo de um convencional. "O preço do sistema instalado sobre uma laje empata com o de uma cobertura cerâmica ou de fibrocimento colocada sobre a mesma laje", compara João Manuel Feijó, da empresa gaúcha. Para a arquiteta Patrícia Popp, de Porto Alegre, os benefícios compensam gastos extras. "Ele dispensa climatização interna e tratamento acústico", aponta. 






PASSO A PASSO 
No projeto da arquiteta carioca Patrícia Fendt a manta asfáltica garante a impermeabilização da laje de concreto e o geocomposto McDrain (Maccaferri) ajuda na drenagem, além de proteger a superfície contra choques mecânicos ou contato com as raízes das plantas.
Por cima, uma camada de areia (de 5 a 10 cm) recebe terra adubada ou substrato vegetal, de 3 a 5 cm - o suficiente para sustentar gramíneas, suculentas e outras espécies de raízes curtas. "Instalamos muitos ralos para facilitar o escoamento da água e evitar a formação de poças", completa a arquiteta. 


2. ARGILA EXPANDIDA COM PEDRISCOS 
Essa alternativa faz da cobertura uma área de convivência e contemplação, com benefícios potencialmente iguais aos de um telhado verde. "Uma camada de 10 cm de terra e argila expandida armazena até 45 litros de água por metro quadrado, o que é um poderoso aliado contra as enchentes", diz o arquiteto Marcio Moraes, de São Paulo. A preparação requer as seguintes camadas: impermeabilização, argila expandida com tubo de dreno e manta geotêxtil, instalações hidráulicas e terra. O custo varia de R$ 80 a R$ 120 por m², de acordo com a espessura da camada de argila e a irrigação - que, por sua vez, depende do paisagismo, se houver. A arquiteta Cristina Araújo reforça alguns cuidados: considerar o peso da terra no cálculo estrutural e prever drenagem com tubos adequados para evitar o apodrecimento das raízes.


PARA UM FUTURO JARDIM 
Projeto dos arquitetos paulistas André Vainer e Guilherme Paoliello, esta casa em Cotia, SP, é um exemplo da utilização da argila expandida com pedriscos numa cobertura de 180 m². Trata-se de duas abóbadas de tijolo, tornadas planas no topo por meio de várias camadas (veja ilustração). Areia, manta geotêxtil e pedriscos dão o acabamento. "A argila, além de ajudar na drenagem, pode substituir parte da terra e tornar o conjunto mais leve", diz a arquiteta Júlia Garcia, que acompanhou o projeto. Só o perímetro da cobertura recebeu vegetação (furcreia, aloe vera e agave, de acordo com o projeto de paisagismo de André Paoliello e Ricardo Vianna). Mas a intenção da família é, aos poucos, adensar o jardim. 

3. COBERTURAS BRANCAS 
Um estudo recente do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley, na Califórnia, mostrou que pintar os telhados de branco combate o aquecimento global. Explica-se: enquanto as coberturas escuras absorvem 80% do calor, as claras refletem até 90% da luz solar. Com isso, cidades com mais tetos brancos sofreriam menos com as ilhas de calor. Além disso, eles diminuem a temperatura interna, o que pede menos ar condicionado e reduz as emissões de CO2. "Um telhado branco de 100 m² compensa cerca de 10 toneladas de gás carbônico, o equivalente à emissão anual de uma típica casa americana", afirma Marcos Casado, do Greenbuilding Council Brasil, que lançou o site www.onedegreeless.org para disseminar a prática. "No Brasil, essa solução teria um efeito maior se incluísse as fachadas, como se faz na costa mediterrânea há séculos", diz Roberto Lamberts, especialista em eficiência energética em edificações. 

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