quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Os desafios do consumo consciente no Brasil do crédito caro


Por Ricardo Pereira
Muito temos ouvido falar sobre os desafios do Brasil para os próximos anos. Nosso país atravessou um período de graves problemas econômicos, durante os anos 80 e boa parte dos anos 90, e atualmente vive um período de crescimento e boas notícias que já dura pouco mais de 10 anos.
As coisas vão muito bem, certo? O que, de fato, é importante enfrentarmos agora que temos emprego, renda e inflação controlada? Os juros são os grandes vilões para o desenvolvimento do país, muitos dirão. Concordo, os juros – principalmente os que eu e você, leitor, pagamos – são extremamente altos e sem dúvida podem ser um grande empecilho para o desenvolvimento do país.
Assim, tomo a liberdade de convidá-lo para uma reflexão mais profunda sobre o crescimento baseado na oferta de crédito.
O consumo através do crédito é sustentável?
Você provavelmente ouviu falar da crise do crédito iniciada nos EUA no final de 2008. Se aqui no Brasil temos taxas extremamente altas de juros, nos EUA as taxas eram convidativas e tomar todo tipo de empréstimo para o consumo se tornou uma atividade trivial para muitas famílias.
O subprime foi um desses tipos de financiamento que faziam sucesso. Se você não se lembra do termo subprime, recorde no artigo “Subprime,arecessãodosEUAeoseubolso” publicado por aqui algum tempo atrás e que aborda todos os pontos da crise que persiste até hoje.
Como está o Brasil?
O brasileiro tem um perfil de endividamento muito interessante, afinal nós usamos e abusamos das linhas de crédito mais caras – o que faz com que tenhamos que pagar muito no curto prazo. E aqui se destacam dois grandes problemas: a utilização equivocada do cartão de crédito; e a utilização do cheque especial como parte da renda.
Eu sei, a facilidade da utilização dessas linhas de crédito torna a utilização dessas ferramentas uma “ótima opção”. Ai é que entra o grande perigo, pois os limites que ultrapassamos no cartão de crédito e no cheque especial não podem ser utilizados como parâmetros de consumo. O problema é clássico: o brasileiro costuma pecar, pois o limite se torna um convite para gastar sem planejamento afinal ninguém gosta de esperar, certo?
O desafio do consumo consciente
Meu grande amigo André Massaro, escritor, palestrante e sócio da MoneyFit escreveu em um de seus artigos do blog “VocêeoDinheiro” a seguinte frase:
“Não importa o quão distante nosso objetivo esteja (ou pareça estar) de nós, sempre há algo que podemos fazer agora, exatamente no momento presente, para iniciar o processo de conquista do sucesso”.
Concordo com sua visão. Acredito que podemos mudar, agora, nosso destino, fazendo coisas pequenas que muitos desprezam e não valorizam. Pensando nas finanças, buscar o consumo consciente e sincero traria enormes benefícios para todos e seria uma arma contra os juros altos e abusivos.
Muitos só utilizam os juros porque não se preparam para enfrentar dificuldades nos períodos de bonança ou simplesmente porque acreditam que tudo precisa vir de forma fácil (e rápida) na vida, sem conquista e sem luta. Ledo engano, a facilidade torna o sonho um pesadelo caro e empurra a família em um poço bem fundo (endividamento).
Já e a hora de começarmos a nos preocupar com essa nova característica de nosso país. Se quisermos manter o crescimento, ele precisa ser consistente e baseado no consumo sustentável e planejado, bem como em mudanças estruturais que já são latentes há muito tempo.
Saber esperar e lidar com o “não”
Você não precisa comprar porque o preço está baixo, em promoção ou por que o IPI baixou. Você é quem conhece as suas necessidades e fará o que for necessário para o sucesso de sua vida. Não para sustentar essa tese “sou iludido e dirigido pelo o que os outros falam”. O que é certo é o que você pode ter, afinal a conta vai ser sempre sua.
Estipule limites, defina metas e tenha coragem de dar o primeiro passo em direção à mudança de atitude. Sair da zona de conforto é o que transforma uma vida de insucesso em uma vida de transformações. Fale mais vezes “Não”, inclusive e principalmente para você – esse será um ótimo exercício de paciência e disciplina. Aos poucos você perceberá que o não de hoje se tornará uma nova oportunidade amanhã, basta saber esperar.

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