O
estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos em 2007/2008, seguida da
quebradeira generalizada dos bancos mundo afora expôs um lado oculto da gestão
financeira mundial que somente os envolvidos na arquitetura financeira
diabólica conheciam.
A
falta de regulamentação e fiscalização nas operações bancárias nos Estados
Unidos e na Europa permitiu que a criatividade aflorasse, e ao invés de
melhorar o sistema para fortalecer as instituições eles partiram para uma
gestão da autodestruição.
A
crise financeira antecede a crise econômica, e o que ocorre neste momento é que
a crise econômica já se instalou sem que a crise financeira tenha sido
controlada.
O
tamanho real do problema ninguém afirma
com segurança, mas segundo reportagem divulgada dia 15/02/09, no jornal
Estadão, que entrevistou vários analistas e economistas americanos e europeus,
o circo montado se assemelha a uma fábrica em série de títulos podres,
vinculados a hipotecas duvidosas que somam US$ 10,8 trilhões.
Outros
US$ 12,37 trilhões estão alocados em empréstimos sem garantias como cartões de
crédito e financiamentos de veículos.
Tanto
os Estados Unidos quanto os 27 países que compõe o bloco da União Européia já
se encontram oficialmente em recessão.
Com o
agravamento da crise e a chegada da recessão o que era crédito bom passa a ser
ruim em função do aumento da inadimplência, quanto maior a recessão, maior a
inadimplência e assim não se consegue chegar ao fundo do poço, todo dia ele
muda para o andar de baixo.
Uma
coisa puxa a outra, a crise leva as empresas a demitir, o desemprego leva ao
atraso nas prestações dos empréstimos, que por sua vez deteriora mais ainda as
carteiras do bancos, o que aumenta a necessidade de novos socorros do governo,
é uma ciranda sem fim.
Segundo
a reportagem do Estadão, o governo americano já colocou nos bancos algo em
torno de US$ 1,9 trilhão e pelo andar da carruagem poderá ter que aportar ainda
entre US$ 2,0 trilhões e US$ 4,0 trilhões.
Valores
astronômicos e que segundo o prêmio Nobel de economia, Paul Krugman, em recente
entrevista ao jornal Valor Econômico, em jan/09, entende ser inviável em função
do grande deficit que os Estados Unidos já apresenta. Na opinião de Krugmnan
ele não acredita que os EUA teriam condições de gastar valores de US$ 3 trilhões em pacotes apenas para salvar bancos insolventes. Seria uma manobra muito
arriscada.
Apenas
20 dias depois da entrevista, recalculando os números chegamos a conclusão que
os gastos em socorros projetam superar bastante a cifra de US$ 3 trilhões, se
não podia, já foi, agora é ver se pelo menos acalma o mercado.
O
protecionismo dos mercados já é fato entre os países que, no desespero para
assegurarem os empregos dentro das suas fronteiras, vinculam de forma velada as
ajudas financeiras a ações de proteção, mesmo que digam o contrário.
Com
isso o fluxo de capital que girava ao redor do globo tende a secar lentamente à
medida que a crise se agravar.
Isso
impactará também nas exportações, pois estão interligados. O Japão, que vive
essencialmente de exportações, já havia perdido em dezembro passado 35% das
suas vendas para exterior. Na China a queda foi de 17,5% em janeiro deste ano.
No Brasil, considerando janeiro e a metade de fevereiro, comparado com o mesmo período do ano passado a queda foi de 22%. No caso do Brasil as exportações
representam uma pequena parcela do nosso PIB, o que amortece o impacto da
retração.
Por
outro lado, as empresas que tem forte dependência do comércio exterior sofrem o
impacto direto da redução das vendas para fora.
Outro
ponto relevante a ser administrado é a fragilidade das empresas que estavam
muito endividadas ou que super dimensionaram suas estruturas produtivas a custa
de financiamentos acreditando que o crescimento mundial não teria fim.
Sendo
fato que o as vendas irão declinar, as indústrias passam a ter capacidade
ociosa, o que suspende novos investimentos em estrutura e isso freia a economia
como um todo, gerando um processo de enfraquecimento das empresas e
prejudicando a saúde financeira delas limitando as disponibilidades para
cumprirem seus compromissos.
Com
queda nas vendas e restrição no crédito para a renovação das operações de
capital de giro a conta que irrigava o fluxo de caixa não fechou e o nome disso
foi prejuízo líquido, o que não pode ser suportado por muito tempo, as General
Motors da vida que o digam.
Neste
novo cenário, cada dia mais sem previsões, essas empresas terão que se ajustar,
reduzir de tamanho e se prepararem para o ciclo de recuperação da economia que
cada dia dá sinais de que será mais longo do que gostaríamos.
Segundo
os analistas, a recessão é inevitável nas principais economias do globo,
salvando-se apenas uns poucos Países, puxados pela China, Índia e Brasil.
Portanto
meus caros somem as informações e chegamos à conclusão que a encrenca é muito
maior do que vimos até agora e o cenário dá sinais claros de que o pior ainda
está por vir.
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