quarta-feira, 4 de julho de 2012

DE BEM COM O PLANETA


A necessidade de preservar os recursos naturais leva mais e mais arquitetos a repensarem seus projetos. Exemplos ao redor do mundo, estas quatro construções mostram que há vários caminhos para a sustentabilidade





Marianne Wenzel, Joana L. Baracuhy, Flávia Pardini e Maggi Crause
Especial Casa Sustentável – 09/2010


Mora no futuro a ideia de uma casa montada com o mínimo de materiais, que não precisa de energia, não emite CO2 e é totalmente reciclável? Não, esse tipo de construção já existe na Alemanha, planejada por um dos papas da tecnologia verde. Mais contemporânea ainda no visual, uma morada espanhola se cobre com um telhado verde, imitando os contornos dos morros da região. Na Austrália, 80% do material proveniente de um imóvel de 1930 foi reutilizado em uma nova residência. Já o exemplo brasileiro tira bom partido de iluminação e ventilação naturais, reutiliza a água da chuva e aquece a piscina com painéis solares. "A casa é um lugar muito forte na vida das pessoas. Por isso, tem uma função importante em termos educativos e de divulgação de conhecimentos técnicos", opina Newton Yamato, do escritório paulistano Gesto Ambiental.

ILUMINADA E VENTILADA NATURALMENTE 
A encomenda do cliente aos arquitetos Newton Yamato e Tânia Parma, do escritório paulistano Gesto Ambiental, era clara: uma casa feita de acordo com os princípios da construção sustentável. "Vários aspectos traduzem essa busca, mas tudo começou com a implantação", explica Newton. Salas e varanda, no térreo, e quartos, no pavimento superior, voltam-se para leste - e se aproveitam não só do sol da manhã como também da vista do parque vizinho (foto na página ao lado). Grandes aberturas nesta fachada e na cobertura captam a luz, que não esquenta os ambientes graças a uma espécie de brise que envelopa a construção. Uma cisterna de 15 mil litros armazena a água da chuva, utili-zada para a lavagem da área externa e a irrigação do jardim. "Se as pessoas souberem que suas casas contribuem para preservar a natureza, começa a esboçar-se um horizonte mais feliz para o nosso planeta", argumenta Newton.

Sistemas pré-fabricados evitam desperdício
Estrutura metálica em medidas padrão (especificadas ainda du-rante a fase de projeto), drywall, steel frame e placas cimentícias. "Tivemos um canteiro de montagem, não de obras", resume a arquiteta Tânia Parma. "Embora seja relativamente alto, o custo da estrutura metálica se reverte em uma construção rápida, controlada e com qualidade garantida. Se tivéssemos optado por um método artesanal, como a alvenaria, o prazo aumentaria em cerca de 40%." Com 800 m2 de área, a casa ficou pronta em 14 meses. "Precisamos nos acostumar com sistemas mais leves, recicláveis. Nada disso quer dizer que sejam frágeis - pelo contrário, podem ter a mesma solidez do tijolo. Isso faz parte dos novos valores", avalia Newton.
TAPETE VERDE SOBRE A COBERTURA 
Nada convencional, esta casa na pequena cidade de Llers, próxima de Barcelona, reproduz os contornos orgânicos dos vales e morros típicos da paisagem da região. Na proposta do espanhol Enric LuizGeli, do escritório Cloud 9, a engenharia e a tecnologia também entraram em cena para moldar as lajes onduladas de concreto que formam as paredes, os pisos e o telhado - cuja área de 225 m2 transformou-se num gostoso jardim. Projetado por uma empresa especializada, ele é do tipo extensivo (ou hidropônico): utiliza, em vez de terra, uma camada de 8 cm de substrato nutritivo (veja detalhes na ilustração na página seguinte). Assim, acrescenta-se pouca carga à estrutura. Embora esse sistema limite o cultivo a plantas de menor porte, como gramíneas, ele dá suporte a uma vegetação fácil de manter, que dispensa poda, rega e adubação constantes, e apresenta as mesmas vantagens de uma cobertura verde tradicional - conforto térmico e acústico para o interior da casa e boa capacidade de absorção da água da chuva (o que ameniza problemas decorrentes de enchentes). Isso sem contar sua contribuição para o embelezamento das cidades, fator responsável, nesse caso, por desfazer a estranheza dos vizinhos. Inicialmente desconfiados das linhas arrojadas da construção, eles agora simpatizam com esse novo jeito de morar. 
O modo tradicional de construir esse tipo de cobertura ocorre por meio de uma obra baseada no projeto de um arquiteto ou paisagista, caso do sistema desta casa. No Brasil, o interesse crescente pelo telhado verde fez com que surgissem no mercado módulos próprios para isso.



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