quarta-feira, 4 de julho de 2012

Reforma Verde


Daniela Hirsch, Danilo Costa e Edson G. Medeiros
Especial Casa Sustentável – 09/2010

Quando decidiu se mudar para esta casa, a arquiteta Alice Martins elaborou junto com o sócio, Flávio Butti, um projeto de reforma gentil com o meio ambiente e afinado com o estilo de vida de sua família.

"Pensamos em soluções sustentáveis que muitas vezes não conseguimos incluir em obras de clientes, já que o investimento ainda é alto e o retorno só vem a médio e longo prazo", explica Alice. Com diferentes graus de complexidade, as propostas adotadas são consequência até da voz dos filhos da arquiteta, de 12 e 6 anos, que aprenderam na escola a fazer a coleta seletiva de lixo. "No supermercado, eles fazem questão de levar as compras em caixas, evitando sacolas plásticas", diz a mãe, orgulhosa. 

A procedência dos materiais da obra também mereceu atenção: das tintas com resina de garrafa pet em sua composição ao cimento CP III, preparado em parte com resíduos do processo de produção do aço. "Essa substituição reduz o uso de clínquer, matéria-prima do cimento que gera muito gás carbônico em sua fabricação." 

SOLUÇÕES DE ÁGUA E ENERGIA 


CHUVA BEM APROVEITADA 
Os arquitetos previram uma tubulação exclusiva para a captação pluvial e construíram os reservatórios de concreto armado sob o deck do pátio lateral (veja ilustração). A água desce por canos de PVC (1) e chega à caixa de passagem (2). Passa pelo filtro (3) e fica armazenada na cisterna de 8 mil litros (4). Com a ajuda de um pressurizador (5), segue para as torneiras dos pátios e aos banheiros no térreo. Se a cisterna encher, uma tubulação de saída (ladrão) libera o excesso para a rua. Se faltar chuva, há torneiras com água servida. Instalação feita pelo engenheiro Gabriel Gama. 

ÁGUA QUENTE 
Quando fizeram o novo trecho do telhado, Alice e Flávio criaram uma torre para instalar a caixa-d’água acima do boiler - e este mais alto que os coletores solares (ambos da Tuma). Isso propiciou a circulação natural por termofusão, efeito térmico em que a água desce para os coletores por gravidade e sobe até o boiler por diferença de densidade, sem a ajuda de bomba. No final do dia, quase todo o volume armazenado no boiler estará quente e poderá ser usado nos banheiros superiores. "Para que tudo funcione bem, os painéis devem ficar voltados para a face norte, com maior incidência de sol, numa inclinação aproximada de 33 graus, indicada para a cidade de São Paulo", ensina o engenheiro paulista Mauricio Milhin, da Velp Mais, empresa que executou o sistema. 

O terreno de 240 m² comporta 284 m² de área construída. Os arquitetos derrubaram paredes e conquistaram aberturas generosas com a instalação de portas de correr. No superior, eliminaram um quarto para duplicar o pé-direito do escritório, no térreo. Criou-se ainda uma laje para aumentar a suíte. Sobre ela, fica o novo telhado com as placas solares.

Nenhum comentário:

Postar um comentário