Durante
o primeiro semestre de 2008 quase que a totalidade dos analistas
econômico-financeiros defendiam com fervor a tese de que o mundo realmente era
plano, que não existiam mais fronteiras e que o PIB mundial cresceria a taxas
entre 4 e 5% ao ano, indefinidamente.
A
grande pergunta que não foi respondida de forma clara, naquele momento, era de
onde vinha toda essa geração de riquezas e qual era o segredo de tamanha
prosperidade mundial, uns diziam que era o fator China outros afirmavam que o
mundo teria encontrado a fórmula para crescer e se transformar como antes nunca
visto.
Hoje
sabemos que o mundo não era tão plano
assim e que o consumo desenfreado, baseado na crença de que alguns teriam
atingido o estágio da fartura plena estava com o fim mais próximo do que
imaginávamos.
Como
ator principal neste filme, que migrou rapidamente do gênero de aventura para
terror e pânico, o sistema financeiro mundial, capitaneado pelos bancos de
investimento (livres, leves e soltos ate então), eram as grandes vedetes da
economia globalizada, na realidade viviam do ofício de fabricar dinheiro,
irrigando de forma farta, porém irreal as economias dos países nos quais
atuavam.
Os
mecanismos eram os mais criativos possíveis, seja fomentando o mercado
empresarial através de contratos de derivativos exóticos, seja vendendo cotas
de fundos de investimento lastreados em financiamentos habitacionais
americanos, onde o imóvel objeto da garantia tinha seu valor superestimando e
do tomador do crédito era exigido apenas que estivesse vivo para assinar o
contrato, não precisava ter idoneidade cadastral, muito menos emprego, podendo
até ser um imigrante ilegal.
Nada
realmente importava além de efetivar mais um contrato e manter a roda da
fortuna girando.
Para
quem assistiu no passado o seriado “Ilha da Fantasia”, onde tudo era lindo e
maravilhoso e não existiam problemas que tivessem o poder de estragar a festa,
sabe exatamente do que estou falando, na realidade, foi criado um mundo irreal
onde muitos sonhavam em viver e não perderam a oportunidade de comprar o
ingresso quando a oportunidade bateu a sua porta.
Hoje
conhecendo um pouco mais dos bastidores desta grande lambança mundial, que tem
mais odor de chiqueiro de porco do que perfume francês como foi vendido, posso
afirmar que realmente não teria como dar certo.
Tamanha
era a desordem, descontrole e ousadia, que o golpe do administrador de fundos
americano, o Sr. Bernard Madoff, entrará para a história financeira mundial.
Ele conseguiu captar de investidores a cifra nada desprezível de U$ 50 bilhões
de dólares, e como num passe de mágica evaporou com todo esse dinheiro.
Ficamos
sabendo que ele nunca havia prestado contas aos investidores, isso mesmo, os
bilionários que investiam com ele tinham vergonha de pedir extratos ou qualquer
outro tipo de prestação de contas.
Diligencias
e auditorias, nem pensar, Sr. Madoff estava acima de qualquer suspeita,
ex-presidente da bolsa de empresas de tecnologia- Nasdaq e com amigos
investidores ilustes como Steven Spielberg, o famoso cineasta, era um luxo
investir nos fundos administrados por ele.
Bastou
alguém precisar de dinheiro e pedir um resgate um pouco mais expressivo para
que toda a farsa fosse desvendada.
O que
assusta é que as cotas desse fundo (sem fundos) foi comercializada em 17
países, por bancos como Santander, Fortis, UBS, Cajá Madrid e Banco Espírito
Santo e foram ofertados para os seus clientes afortunados como sendo uma opção
de investimento rentável…
Sendo
tamanha a confusão na economia mundial, como fica o Brasil nesta história?
Como
as minhas análises são de um simples mortal, pelo pouco que entendi, penso
assim:
1) Por
mais que digam contrário, o mundo não irá acabar, continuarão a existir
pessoas, consumo, comércio, indústria e prestação de serviços, mesmo que em
escala nacional, considerando uma situação extrema.
2)
Depois de toda bebedeira vem a ressaca, segundo os grandes líderes mundiais,
reunidos em Davos na Suíça nesta semana, a crise mundial deverá durar pelo
menos três anos (não acreditem muito, são os mesmos que falaram que a festa não
tinha hora para acabar e que tinha vinho a vontade para todos)
3) O
Brasil também esteve presente na festa, bebeu do vinho santo e também sofrerá
com a ressaca, como bebemos menos a dor de cabeça será menor, mas existirá.
4) Não
acredite em salvação divina, faça a sua parte, o seu dever de casa, por maior
que seja a boa vontade do governo o cobertor é curto e pode não alcançar a sua
empresa.
5)
Para os que sucumbirem ficará a experiência, aos que sobreviverem terão a
chance de consolidar o seu negócio a partir de novas premissas e perspectivas,
já ajustadas para um cenário de recomeço.
Como
quisemos acreditar, na bolha da internet em 1999, que o mundo a partir de então
seria virtual, o que não aconteceu, na crise atual acreditamos numa nova
proposta, um novo mundo econômico plano e pleno, o que também não se confirmou.
Voltemos
então para as nossas tribos com a promessa de recomeçar, de não mais acreditar
nestes causos e fazer o que sempre fizemos bem, trabalhar para solidificar e
modernizar as nossas empresas cada dia mais, sem fórmulas mágicas.
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