terça-feira, 23 de outubro de 2012

Walt Disney – o gênio criativo





Gênio criativo, essa é a melhor nominação de Walt Disney que já vi até hoje, ela foi cunhada por Paul Johnson, historiador, autor do livro “Os Criadores” no qual dedica um capítulo a Disney.
Ser gênio já é um grande feito e ainda gênio criativo é realmente para poucos iluminados.
Creio que não exista no mundo civilizado uma criança que nunca se encantou com uma dos desenhos animados de Walt Disney.
Poucas criações se tornaram unanimidades em todo o planeta, a Disney é uma delas, uma verdadeira lenda do entretenimento, diria que única.
Como tudo começou? quais as condições que Disney tinha no momento em que decidiu começar? quais foram as barreiras que teve que superar?  qual o apoio que recebeu para ir em frente?
Neste sentido a história de Walt Disney foi marcante:
Nascido em 1901, em Chicago, Estados Unidos, vindo de uma família de agricultores, passou boa parte da infância numa fazenda em Marceline, no Missouri.
Ele começou a trabalhar muito cedo, sua família era pobre e seu pai um homem muito severo.
 Quando a fazenda faliu sua família se mudou para Kansas City, seu pai montou uma distribuidora de jornais, na qual Disney trabalhava o tempo todo.
Aos 16 anos começou a estudar artes. Tentou se alistar no exército durante a primeira Guerra Mundial, mas foi barrado por ser menor de idade, em seguida foi ser voluntário da Cruz Vermelha, passou um tempo na França e ao retornar aos Estados Unidos se matriculou na “Kansas City Art School”.
 Trabalhou em agências publicitárias e numa companhia cinematográfica na qual ajudava a fazer cartazes de propaganda dos filmes. Aos 18 anos, já ganhava a vida desenhando quadrinhos para jornais.
O mundo naquele momento vivia uma completa efervescência, a primeira guerra mundial em curso, as transformações sociais, culturais e artísticas, impulsionadas pelas mudanças tecnológicas provocavam uma quebra de paradigmas sem precedentes, uma verdadeira porta aberta aos inconformados e criativos a quem só interessava o novo.
Disney logo foi contagiado pela febre empreendedora do país naquele momento.
Suas duas grandes paixões eram ter seu próprio negócio e a arte da animação. Aos 20 anos já tinha montado e falido a sua própria empresa.
Um estudioso da arte da animação, ele acreditava que a animação sem som não tinha vida e que a natureza e a qualidade do som eram essenciais para o sucesso. A grande limitação para colocar suas idéias em prática eram os recursos financeiros, naquele momento sobrevivia com muito pouco, muitas vezes pedia dinheiro emprestado para se manter.
Apesar das dificuldades financeiras, acompanhava de perto as evoluções tecnológicas em animação e fotografia móvel. Em 1917 foi feito o primeiro filme associando fotografia móvel de atores à personagem animados de quadrinhos, tecnologia que Disney usaria em seguida em seus filmes.
A primeira empresa de Disney, a Laugh-O-Gram Corporation, fazia curtas de animação e curtas de publicidade, que usavam personagens de desenhos animados.
Quando sua primeira empresa quebrou foi obrigado a trabalhar de fotógrafo freelancer para jornais, filmava também casamentos e funerais, ganhando entre U$ 10 e U$ 15 por evento.
A esta altura já tinha alguns contatos em Hollywood, sem dinheiro decidiu vender sua câmera para levantar recursos e se mudar para lá, foi com apenas U$ 40 no bolso. Era inicio da década de 1920, um momento oportuno para o cinema, a cidade estava em franca expansão. Apesar do momento favorável Disney teve muita dificuldade de arrumar emprego, voltou a fazer desenhos animados para sobreviver.
Conseguir retornar aos filmes alugando uma câmera ao custo de U$ 5 ao dia. Ele escrevia o roteiro, montava os cenários ao ar livre, usava como estúdio uma pequena sala dos fundos de uma imobiliária, alugada por U$ 5 ao mês. Produzia, dirigia e filmava, depois se sentava para desenhar a animação. O primeiro filme lhe custou U$ 750, e foi vendido por U$ 1.500, seu primeiro lucro.
Consegui contrato para uma dezena de filmes e fez os seis primeiros sozinho. Em seguida procurou seu antigo sócio em Kansas City, Ub Iwerks e o levou para Hollywood, a fim de ajudá-lo na animação.
Depois de filmar uma série com Alice, Disney criou um novo personagem, o coelho Oswald, que foi um sucesso.
O patrão para quem Walt desenhou Alice e Oswald, roubou-lhe os personagens, a equipe de desenhistas e as encomendas, porque as mesmas não foram assinadas em seu nome,  uma grande decepção.
Ele percebeu que a medida que conquistava sucesso os grandes estúdios roubavam seus  funcionários e animadores oferecendo salários mais altos, não tinha outra alternativa, tinha que vencer pala criatividade.
A única forma de combater esses ataques era com a criação de novos personagens, e foi assim que nasceu o camundongo Mickey, pela necessidade de se defender dos concorrentes, cuja história merece um capitulo a parte.
Segundo Disney, no passado em Kansas City, na sua mesa de trabalho morava um camundongo que acabou ficando seu amigo e muito lhe encantou, esse pequeno roedor foi a fonte de inspiração e que agora ele passaria a retratar de forma animada. Assim nasceu Mickey Mouse.
Em 1933, o ano de maior popularidade de Mickey, o personagem chegou a recebeu 800 mil cartas de fãs, recorde mundial no recebimento de cartas no meio artístico, mantido até hoje.
Para se ter uma idéia do trabalho que era produzir um curta metragem, para realizar um filme de dez minutos eram necessários 14.400 desenhos, Disney sempre buscava estar à frente dos concorrentes, ganhava pela velocidade, qualidade e criatividade.
A integração do som aos desenhos animados foi outra grande batalha vencida por Disney, pois, os custos da tecnologia eram proibitivos, o que levou Disney a improvisar, criando seu modelo próprio de sonorização.
O primeiro desenho de Mickey com som sincronizado foi exibido no início de 1928. Teve um sucesso estrondoso, tanto pela adaptação técnica de Disney em animação, quanto pelos ruídos emitidos pelo camundongo.
Esse curta do Mickey foi um marco na história do desenho animado. Disney havia inventado o desenho animado sonoro, uma combinação de desenho criativo, roteiro e engenharia. O nascimento de uma nova forma de arte.
No final da década de 1920, Mickey Mouse era o personagem mais famoso do cinema.
Em seguida Disney criou novos personagens: Minnie, Pluto, Pateta e o Pato Donald.
Os Três Porquinhos, produzido em 1932, foi o primeiro a ter agregado um tema musical, que tinha como refrão “Quem tem medo do lobo mau?”, esse tema se revelou um dos maiores sucesso musicais do século XX e uma frase de efeito que encontrou eco no mundo inteiro.
Em 1932 Disney também lançou o seu primeiro desenho em cores, foi Flowers and Trees.
Disney era obcecado por qualidade e novas tecnologias, ele reinvestia quase todo o dinheiro que ganhava. Fazia questão de adquirir a melhor tinta, o melhor filme e outros materiais. Os trabalhos só eram publicados após atingir o resultado máximo esperado.
 Seu custo de produção de um filme chegava a ser cinco vezes mais do que o de seus concorrentes, tamanha era a sua obsessão pela excelência nos trabalhos.
Na busca incessante pela qualidade, contratava os melhores artistas, mas testava-os no limite da sua capacidade. O estúdio era um lugar altamente criativo e interativo, mas também tenso, pela permanente geração de novas idéias e de criação.
Na década de 1930, o ateliê de Disney chegou a empregar mil animadores.
A partir dessa estrutura obcecada pela inovação e qualidade conseguiram desenvolveram a arte de animação de figuras, fazendo com que parecessem reais. Mais uma conquista de Disney.
 Essa nova tecnologia desenvolvida em seus estúdios, somada a tecnologia de cores que havia evoluído, o aperfeiçoamento da técnica de cenários e da trilha sonora, e a disponibilidade de recursos financeiros encorajou Disney a produzir um longa metragem, foi aí que nasceu Branca de Neve o os sete anões, concebido em 1934 e exibido nos cinemas do mundo inteiro em 1938.
O filme Branca de Neve e os Sete Anões introduziu diversas inovações artísticas e técnicas que transformaram a arte do desenho animado. Envolveu mais de dois milhões de desenhos e formou o maior projeto na história do desenho.
Foi um estrondoso sucesso comercial e de crítica e marcou o momento em que a animação alcançou a maturidade como forma de arte. O filme foi o maior sucesso imediato de público juvenil já registrado.
 O sucesso de Branca de Neve financiou a implantação de um novo estúdio e possibilitou uma série de longas, todos produzidos entre 1938 e 1944: Pinocchio, Fantasia, Dumbo e Bambi.
Em seguida novos longas, Peter Pan (1953), Alice no País das Maravilhas (1957), A Bela Adormecida (1959), Cento e um Dálmatas (1961), Mogli o Menino Lobo (1967),  último filme animado de Disney, lançado em 1967, o ano de sua morte por câncer de pulmão (Disney era um fumante inveterado).
Disney foi além dos desenhos animados, havia expandido seus negócios para novas formas de entretenimento e foi durante a segunda guerra mundial que concebeu a idéia de transportar a fantasia para vida real. Foi assim que surgiu a idéia dos parques da Disney, desenvolvido em torno de um tema.
A primeira Disneylândia foi criada em 1955 na Califórnia, mas em 1954 ele já havia concebido um novo projeto, o EPCOT, que mais tarde, após a sua morte, viria a ser a Disney World, na Flórida, inaugurada em 1971.
A obra de Disney sobrevive, embalada pela magia de suas criações, pela firmeza de seus ideais e transformando sonhos em realidade.


Paulo Amaral
Os Criadores – Paul Johnson – Ed. Campus
Disney War – James B. Stewart – Ed. Ediouro
Walt Disney – O Triunfo da imaginação americana – Neal Gabler – Ed. Novo Século
Wikipédia

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