terça-feira, 6 de novembro de 2012

Qual é o tamanho da encrenca?


O estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos em 2007/2008, seguida da quebradeira generalizada dos bancos mundo afora expôs um lado oculto da gestão financeira mundial que somente os envolvidos na arquitetura financeira diabólica conheciam.
A falta de regulamentação e fiscalização nas operações bancárias nos Estados Unidos e na Europa permitiu que a criatividade aflorasse, e ao invés de melhorar o sistema para fortalecer as instituições eles partiram para uma gestão da autodestruição.
A crise financeira antecede a crise econômica, e o que ocorre neste momento é que a crise econômica já se instalou sem que a crise financeira tenha sido controlada.
O tamanho real do problema ninguém afirma com segurança, mas segundo reportagem divulgada dia 15/02/09, no jornal Estadão, que entrevistou vários analistas e economistas americanos e europeus, o circo montado se assemelha a uma fábrica em série de títulos podres, vinculados a hipotecas duvidosas que somam US$ 10,8 trilhões.
Outros US$ 12,37 trilhões estão alocados em empréstimos sem garantias como cartões de crédito e financiamentos de veículos.
Tanto os Estados Unidos quanto os 27 países que compõe o bloco da União Européia já se encontram oficialmente em recessão.
Com o agravamento da crise e a chegada da recessão o que era crédito bom passa a ser ruim em função do aumento da inadimplência, quanto maior a recessão, maior a inadimplência e assim não se consegue chegar ao fundo do poço, todo dia ele muda para o andar de baixo.
Uma coisa puxa a outra, a crise leva as empresas a demitir, o desemprego leva ao atraso nas prestações dos empréstimos, que por sua vez deteriora mais ainda as carteiras do bancos, o que aumenta a necessidade de novos socorros do governo, é uma ciranda sem fim.
Segundo a reportagem do Estadão, o governo americano já colocou nos bancos algo em torno de US$ 1,9 trilhão e pelo andar da carruagem poderá ter que aportar ainda entre US$ 2,0 trilhões e US$ 4,0 trilhões.
Valores astronômicos e que segundo o prêmio Nobel de economia, Paul Krugman, em recente entrevista ao jornal Valor Econômico, em jan/09, entende ser inviável em função do grande deficit que os Estados Unidos já apresenta. Na opinião de Krugmnan ele não acredita que os EUA teriam condições de gastar valores de US$ 3 trilhões em pacotes apenas para salvar bancos insolventes. Seria uma manobra muito arriscada.
Apenas 20 dias depois da entrevista, recalculando os números chegamos a conclusão que os gastos em socorros projetam superar bastante a cifra de US$ 3 trilhões, se não podia, já foi, agora é ver se pelo menos acalma o mercado.
O protecionismo dos mercados já é fato entre os países que, no desespero para assegurarem os empregos dentro das suas fronteiras, vinculam de forma velada as ajudas financeiras a ações de proteção, mesmo que digam o contrário.
Com isso o fluxo de capital que girava ao redor do globo tende a secar lentamente à medida que a crise se agravar.
Isso impactará também nas exportações, pois estão interligados. O Japão, que vive essencialmente de exportações, já havia perdido em dezembro passado 35% das suas vendas para exterior. Na China a queda foi de 17,5% em janeiro deste ano. No Brasil, considerando janeiro e a metade de fevereiro, comparado com o mesmo período do ano passado a queda foi de 22%. No caso do Brasil as exportações representam uma pequena parcela do nosso PIB, o que amortece o impacto da retração.
Por outro lado, as empresas que tem forte dependência do comércio exterior sofrem o impacto direto da redução das vendas para fora.
Outro ponto relevante a ser administrado é a fragilidade das empresas que estavam muito endividadas ou que super dimensionaram suas estruturas produtivas a custa de financiamentos acreditando que o crescimento mundial não teria fim.
Sendo fato que o as vendas irão declinar, as indústrias passam a ter capacidade ociosa, o que suspende novos investimentos em estrutura e isso freia a economia como um todo, gerando um processo de enfraquecimento das empresas e prejudicando a saúde financeira delas limitando as disponibilidades para cumprirem seus compromissos.
Com queda nas vendas e restrição no crédito para a renovação das operações de capital de giro a conta que irrigava o fluxo de caixa não fechou e o nome disso foi prejuízo líquido, o que não pode ser suportado por muito tempo, as General Motors da vida que o digam.
Neste novo cenário, cada dia mais sem previsões, essas empresas terão que se ajustar, reduzir de tamanho e se prepararem para o ciclo de recuperação da economia que cada dia dá sinais de que será mais longo do que gostaríamos.
Segundo os analistas, a recessão é inevitável nas principais economias do globo, salvando-se apenas uns poucos Países, puxados pela China, Índia e Brasil.
Portanto meus caros somem as informações e chegamos à conclusão que a encrenca é muito maior do que vimos até agora e o cenário dá sinais claros de que o pior ainda está por vir.

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