segunda-feira, 2 de julho de 2012

RESPEITO AO SERRADO






Maggi KrauseEspecial Casa Sustentável – 09/2010

 Amplos espaços de convivência, cozinha generosa com forno e fogão a lenha e nenhuma ostentação. Essa é a fórmula para agradar a uma família de origem mineira que se reúne nesta casa de fim de semana a 20 km do Plano Piloto. E, por mais que chame a atenção, a abóbada não foi o ponto de partida no projeto do arquiteto Thiago de Andrade. "Queria preservar o máximo do cerrado no terreno, então bolei o deck, que fica até 2,60 m acima do chão", explica. No ponto mais baixo da casa, a distância é de 70 cm. Além de evitar a umidade, a medida não interfere no curso natural da água nem na permeabilidade do solo. Em volta desse terraço, organizam-se duas alas, uma social e outra de serviço. 


Como as pessoas não moram ali, o impacto energético é baixo pelo próprio uso. "A ideia é se acantonar mesmo, bem informal", conta o arquiteto, que usufrui da casa com tios e primos. A solução do telhado, com uma cúpula de tijolos que cria um pé-direito de 5,60 m na parte mais alta, surgiu depois de um ano de construção. Deu trabalho moldá-la: coberta por malha metálica com argamassa armada, ela é presa por tirantes metálicos à estrutura de angelim-pedra e maçaranduba. Mas valeu a pena. A obra - que teve coautoria de Luiz Otávio Chaves, discípulo do mestre Zanine Caldas (1919-2001) - levou o 1º lugar geral no concurso Nova Arquitetura de Brasília, em 2007. "Quando você constrói, interfere em um lugar intocado. Por isso é tão importante o equilíbrio entre a obra do homem e a natureza", resume Thiago. 


"Considero a implantação da casa a parte mais sustentável do projeto", diz Thiago. A construção (veja a implantação ao lado), com 125 m2 cobertos e 60 m2 de área externa, ocupa menos de um décimo do terreno. O desenho do deck respeita as árvores maiores - as tábuas de ipê foram montadas em torno delas. Para além das copas, se enxerga um belo vale. "A vista é linda e, no final da tarde, observamos pássaros e macacos-prego", conta o tio de Thiago, Marcos Antônio Bezerra de Mello. "A arquitetura abraçou a natureza. Agora o cerrado começa a responder - a vegetação está crescendo e abraçando a casa", filosofa.

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