sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Investidores emergentes do mercado de luxo querem marcas regionais


AFP - Agence France-Presse
Publicação: 30/08/2012 20:00
Investidores de países emergentes trabalham no lançamento de marcas de luxo vindas de suas próprias nações para competir com Dior, Chanel ou Vuitton. Contudo, impor essa tendência requer tempo, dizem os especialistas.
O fundo Qatar Luxury Group, por exemplo, trabalha no lançamento de uma marca de luxo, cujo nome, revelado pelo site Huffington Post, será Qela. Há vários anos o grupo já se dedicava à criação de uma carteira de grandes marcas que lhe levou em 2011 à aquisição da Le Tanneur.
Em um primeiro momento, o objetivo é chegar à clientela mais rica dos Emiratos para, em um segundo momento, lançar-se à conquista do mundo inteiro, diz o grupo. "Seja Qatar ou China, o que importa é criar uma marca que os represente, com um ar, um estilo de Oriente Médio ou chinês, que possa também ser exportado", explicou à AFP François Arpels, diretor-executivo do banco de negócios Bryan Garnier.
Até o momento, o que atraiu os investidores dos países emergentes foi a compra das marcas criadas na Europa. Recentemente, a casa Valentino passou a integrar-se no seio do mesmo grupo do Qatar, que já possui uma pequena participação no número um mundial de luxo LVMH e na casa de joias norte-americana Tiffany.
A chinesa Fung Brands comprou a empresa Sonia Rykiel. Antes disso, os perfumes Escada caíram nas mãos da família indiana Mittal e Gianfranco Ferré e Louis Féraud nas de um grupo de Dubai. Há muito tempo, Lanvin é propriedade de um multimilionário taiwanês e ST Dupont do chinês Dickson Poon.
Na China, um número cada vez maior de empresas deseja criar marcas de luxo e convencer aos chineses mais ricos do que invistam nelas. A casa Hermès, templo de luxo francês, compreendeu esta ideia e lançou ao final de 2010 a Shang Xia, uma nova marca que mostrará a qualidade chinesa.
"Forma de expressão cultural" "O luxo é antes de tudo uma forma de expressão cultural. Portanto, é lógico que alguns países desejam promover elementos símbolos de sua cultura", analisa Serge Carreira, professor no Instituto de Estudos Políticos (IEP) de Paris.
Por isso, no caso chinês, tem havido uma redescoberta da arte da seda, da porcelana, do bambu, tão próprias dessa cultura e que podem ser revalorizadas. No caso da marca do Qatar, ela poderia ser também fabricada na Europa, onde há um nível alto artesanato, com o Qatar conservando a parte de criação, desenho e estratégia", afirma Carreira.
Isso é o que o gabinete de analistas Xerfi chama de "made with" dos países emergentes para compensar um menor controle da cadeia de valor. Ele cita os casos do joalheiro de inspiração chinesa Qeelin, que atua na França, e do chinês She Ji Sorgere que deseja produzir na Itália. "Contudo, são necessários muitos anos com um nível constante de perícia, pois vender um produto com preço de luxo não significa luxo", explica François Arpels.

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