sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O mapa do mercado de luxo no Brasil


Com a chegada de marcas como Aston Martin, Bentley, Burberry e Hermès, a venda de produtos de luxo deve crescer acima de 50% em 2010. Se os números se confirmarem, o ano pode ser o melhor da história do setor no país

Por Elisa Campos e Soraia Yoshida
Este ano, a cada 35 dias, um brasileiro deve comprar uma Ferrari. Não é, necessariamente, o mesmo consumidor que visitará as lojas DVF de Diane Von Furstenberg, Burberry, CH Carolina Herrera e Aston Martin, que serão inauguradas ainda no primeiro semestre, ou as novas butiques da Louis Vuitton e da Cartier. O cliente do mercado de luxo vai usar muito seu cartão de crédito. Com um gasto médio de quase R$ 3,5 mil por compra, o consumidor brasileiro do mercado de luxo deve impulsionar em até 50% as vendas de dezenas de marcas – consolidando 2010 como o melhor ano para o luxo no país.  
No ano passado, mesmo sob o efeito da crise financeira mundial, o universo do luxo faturou em torno de US$ 6,45 bilhões no Brasil, 8% a mais do que os US$ 5,99 bilhões registrados em 2008, segundo o último estudo da empresa de pesquisas GfK Brasil em parceria com MCF Consultoria, especializada na área. Em 2009, o Brasil assistiu à chegada das grifes Hermès, Missoni, Christian Louboutin, Bentley, Lamborghini e Bugatti, que investiram juntas US$ 830 milhões. Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no mesmo ano, as vendas de veículos importados passaram de 370.937 para 485.428 carros, um avanço de 30,9%.
“Crescemos muito mais do que o mercado de automóveis como um todo, até porque as classes A, AA e AAA são menos afetadas na postura de compra do que outras classes”, diz Thiago Lemes, gerente de Produto Importação da Audi no Brasil. A empresa, que lançou no ano passado o modelo R8 V10 esportivo, vendeu quatro unidades logo na primeira semana, por cerca de R$ 696 mil cada um.
O valor dos importados de luxo, sejam carros, relógios, joias ou sapatos, sofre tributação superior a 100%. Mas isso parece não ter sido empecilho para as empresas. A Jaguar, por exemplo, que detém além da própria marca, a Land Rover, espera um crescimento de 73% este ano, o equivalente à venda de 6 mil unidades. Além disso, o crescimento econômico também favorece as marcas de luxo.
“Com um cenário positivo, mais gente se interessa por comprar um carro de luxo”, diz John Peart, presidente da Jaguar na América Latina. O raciocínio também é acompanhado pela Aston Martin, marca britânica muito associada às máquinas dos filmes de James Bond. A partir de maio, a marca terá uma loja em São Paulo. Outro grupo de luxo que se prepara para aportar por aqui é o Gucci, ao qual pertencem as marcas Yves Saint Laurent e Bottega Veneta. Além da Ásia, a marca pretende expandir operações na América Latina, com ênfase em três países: México, Brasil e Chile. 
Ainda há espaço para crescer no país. Relatório do banco Merrill Lynch, publicado em junho do ano passado, mostra que existem hoje no Brasil 131 mil pessoas com investimentos de pelo menos US$ 1 milhão. Em 2009, o país ultrapassou a Austrália e a Espanha no número de milionários, tornando-se a décima nação em contas bancárias com mais de seis zeros. Pelos cálculos da revista Forbes, que publica anualmente um ranking com os mais ricos do mundo, o Brasil também nunca teve tantos bilionários: são 18 na lista e, pela primeira vez, um deles, o empresário Eike Batista, ficou entre os dez primeiros, mais precisamente na oitava posição. 
O mercado imobiliário também vive um bom momento. As construtoras apostam em lançamentos de altíssimo padrão. Pesquisa da Associação de Investidores Estrangeiros em Imóveis (Afire, na sigla em inglês) colocou o país em segundo lugar como melhor destino para investimentos no setor em 2009. A indicação para 2010 se mantém, já que o setor voltou a se aquecer no final do ano passado.
A empresa hoteleira Four Seasons anunciou que já está negociando com investidores brasileiros e internacionais parcerias para a construção de até três hotéis da rede no país – um deles possivelmente no Rio de Janeiro até 2014, quando será realizada a Copa do Mundo do Brasil. O grupo LVHM, controlador de marcas de luxo como Louis Vuitton, é outro que tem planos de abrir aqui um hotel de luxo. Céline Kay, diretora do primeiro hotel do grupo no mundo, afirmou que o modelo de negócio da companhia terá uma boa aceitação no Brasil. Louis Vuitton, Four Seasons e companhia estão de olho nos brasileiros capazes de gastar mais de R$ 30 mil em uma bolsa ou R$ 5 milhões num imóvel.

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