segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Assistencialismo, Oportunidades e Empreendedorismo


Quando o governo do Presidente FHC implantou a Bolsa Escola em 2001, a idéia era por em prática um programa educacional que garantisse uma assistência financeira as famílias de jovens e crianças de baixa renda como estímulo para que elas frequentassem a escola regularmente.
O programa Bolsa Escola chegou a beneficiar 5 milhões de famílias em todo o Brasil, sendo remodelado e incorporado em 2003 à Bolsa Família, adaptado pelo Presidente Lula.
O Programa Bolsa família é o programa de transferência de renda em funcionamento hoje no Brasil, implantado com o objetivo de integrar e unificar todos os programas de auxilio e transferência de renda criados no Governo FHC (Bolsa Escola, Auxílio Gás e o Cartão Alimentação) com o programa do Governo Lula, o Fome Zero.
A proposta da Bolsa Família é fornecer uma ajuda financeira as famílias pobres, desde que elas mantenham seus filhos na escola. O programa visa reduzir a pobreza, propiciando o mínimo necessário de condição de vida para essas famílias.
Em minha opinião, o maior ganho foi a permanência dos filhos na escola, que levará a um nível de instrução melhor do que o dos seus pais, isso muda por completo a perspectiva de futuro dessas crianças.
Se ele representa uma solução parcial para os filhos, por outro lado ele não resolve o problema dos pais, correndo o risco de gerar acomodação para esses.
Em 2003 foram beneficiadas algo em torno de 5 milhões de famílias, hoje já são mais de 11 milhões, sendo reajustado regulamente, chegando hoje a um valor mensal máximo de R$ 182,00.
Se existem vantagens visíveis para um programa de assistencialismo desta natureza, como a redução imediata da fome, o grande risco é criar, ao longo do tempo uma população viciada em auxílios, sem o mínimo de interesse em procurar um bom emprego e crescer profissionalmente, basta ter filhos que o mínimo estará sempre garantido.
O assistencialismo permanente gera acomodação e por si só não traz nenhum estímulo a busca da melhoria do padrão de vida dos pais contemplados.
O que pode ser feito para mudar esse quadro?
Se já temos uma rede de proteção nacional com caráter assistencialista, por que não criar uma rede de qualificação nacional e vincular o recebimento daquele benefício à freqüência também dos pais?
A bolsa família deveria ser temporária, mesmo que a família continuasse enquadrada, com os filhos na escola, os pais teriam que cumprir metas de qualificação profissional, a cada seis meses, para revalidar o benefício.
Essas qualificações seriam de curta duração e poderiam acontecer nos finais de semana, ministradas nas próprias escolas dos filhos gerando integração dos pais com os alunos, num ambiente compartilhado e em busca de um objetivo comum: conquistar melhores condições de vida.
Se assim fosse teríamos uma melhoria na qualificação da mão de obra, aumentando as chances dos pais conseguirem um bom emprego.
Neste programa de qualificação, um estágio seguinte seria preparar essas famílias para o exercício do empreendedorismo, por mais longínqua que seja a cidade que eles morem sempre terá uma atividade que poderá ser exercida, seja artesanato, marcenaria, produtos naturais, doces, artefatos de madeira, reciclagem, confecções em geral, dentre outras atividades, a lista não tem fim.
Tenho acompanhado experiências de sucesso e posso afirmar que, temos dezenas de modelos de empreendedorismo em grupo já testadas que poderiam ser copiadas a custo zero.
O empreendedorismo é uma via certeira, principalmente quando for monitorado via Sebrae, Associações Comerciais ou mesmo ONG sérias.
Às vezes me pergunto se isso realmente interessa.
Caminhar rumo a uma solução definitiva e permitir as pessoas a liberdade de decidir seu próprio destino.
Creio que tal alternativa incomoda muita gente que vê nessas pobres famílias eleitorado cativo e na alienação total delas uma liberdade para transgredir livremente.
Essa rede de qualificação nacional teria como objetivo resgatar a dignidade desses pais e construir a transição de um modelo assistencialista para um modelo que tenha como objetivo principal permitir para essas famílias a melhoria no padrão de vida, o quanto antes melhor, para que eles possam decidir o seu destino ao invés de ficar como um filhote de passarinho, totalmente dependente, de boca aberta no ninho, a espera do alimento que virá.

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