quarta-feira, 5 de junho de 2013

O BIM E A REALIDADE DO SETOR DA CONSTRUÇÃO BRASILEIRA

Por: Roberto de Souza
Fonte: http://www.arquitetura.com.br/artigos/artigo.php?idArt=101
O BIM - Building Information Modeling é uma ferramenta de trabalho que permite, por meio da modelagem de objetos e da interoperabilidade, desenvolver projetos em três dimensões (3D), resolver interferências entre subsistemas, definir quantitativos e orçamentos e o plano de ataque da obra, assim como fazer o seu gerenciamento.
Esta ferramenta gera inúmeros benefícios para todas as empresas da cadeia produtiva da construção, aumentando a competitividade e a produtividade das empresas, reduzindo prazos, custos e desperdícios, melhorando a qualidade dos processos e do produto final.
Já adotado por inúmeras construtoras, gerenciadoras e escritórios de projeto em várias partes do mundo, no Brasil é ainda uma inovação tecnológica a ser implantada no setor da construção.
Sua implantação, no entanto, implica em uma grande mudança de paradigmas: é necessário investimento em hardware, software e capacitação de todos os agentes da cadeia produtiva, em especial nas incorporadoras, contratantes de obras, construtoras, projetistas e fabricantes de materiais, estes últimos responsáveis pela criação de bibliotecas de componentes para serem inseridos nos projetos.
O setor da construção no Brasil está preparado para adotar e implantar esta inovação?
Analisando o momento atual, podemos dizer que o setor está em uma fase de rápido crescimento e vive uma grande contradição.
De um lado, tem que enfrentar muitas questões emergenciais, como atendimento a prazos, custos e qualidade das obras. Os projetistas, incorporadores, construtores e fabricantes estão altamente estressados. Não se está dando conta nem do processo de produção convencional. Até a norma de desempenho, que não deixa de ser uma inovação em termos de abordagem da qualidade das edificações, está sendo contestada por segmentos atrasados do setor da construção.
De outro lado, o setor não vai conseguir sustentar seu crescimento com o atual modelo de gestão da produção e as tecnologias convencionais. Precisa pensar estrategicamente e investir em inovação tecnológica para ter um desenvolvimento sustentável. Para isto, tem que buscar novas tecnologias tanto de construção quanto de projeto, onde se enquadra o BIM.
A velocidade de implantação do BIM no Brasil, portanto, vai depender da vontade do setor em resolver estas contradições. Vai depender também de nossa capacidade setorial de definir caminhos de implantação, gerando cases de sucesso que possam ser difundidos e multiplicados.
Não vejo no curto prazo uma implantação ampla e imediata no mercado imobiliário. Talvez implantações pontuais e experimentais em um ou outro empreendimento, desenvolvidas por incorporadoras líderes de mercado.
Vejo perspectivas de implantação do BIM na construção industrial e de varejo, em empreendimentos que têm muita repetitividade e adotem tecnologias industrializadas (Programa Minha Casa Minha Vida, por exemplo).
Também há possibilidades de implantação do BIM em hospitais e obras de grandes contratantes, como Petrobrás e Vale do Rio Doce, em projetos customizados e complexos, em arenas esportivas com o advento da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016. Em empreendimentos em que o proprietário fica com a gestão da operação e das facilities, o BIM também será possível.
O momento agora é de difusão dos conceitos e metodologias do BIM e dos softwares disponíveis. É momento também de identificar oportunidades especificas de implantação para criar cases de sucesso e poder ampliar o movimento pela melhoria do processo de produção do projeto, orçamento e planejamento das obras.

Roberto de Souza é Engenheiro Civil, Mestre e Doutor em Engenharia pela Escola Politécnica da USP, Diretor Presidente doCentro de Tecnologia de Edificações (CTE).

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